As ruas do lugar eram de barro seco, o pó subia escondendo tudo pelo chão toda vez que se passava uma carruagem, eram os últimos dias do verão mas era como se estes estivessem em seu auge, a cidade tinha uma ar de ruínas apesar de suas construções serem bem arranjadas, era aquele o pior lugar de todo o reino, nas ruas podia-se ver sem mantos prostitutas, ladrões bêbados, mercenários e alguns poucos nobres que desciam ao submundo em busca de diversão, e entre gananciosos desejando saborear os prazeres da noite e aproveitadores espreitando em busca do menor deslize de um tolo caminhava um pequeno garoto por perto das paredes das casas, corria apreçado esbarrando em muitos sem parar para se desculpar ou ouvir as pragas que lhes eram oferecidas, suas roupas sujas e cheias de rasgos deixavam mais que visível sua pobreza, esbarrou na perna de um velho de belas vestes que conversava com uma moça não muito bela mas de coxas grossas e cabelos ondulados que passava a mão no rosto do nobre que fora derrubado com o baque mas antes de terminar de se levantar e limpar-se fora novamente derrubado por um velho gordo e bêbado que gritava e corria trás do garoto derrubando-o novamente, o gordo corria e gritava mas não conseguiu acompanhalo, suas pernas eram ágeis e rápidas e seu corpo esguio passava facilmente por entre os buracos dos becos
Era uma noite quente, mas mesmo no calor ele ainda vestia uma camisa negra de mangas longas, eram sujas e com alguns rasgos dos muitos muros que pulou ou das brigas que muitas vezes se metia no orfanato. Não aparentava ter mais de 13 anos, mas já era conhecido na vila onde morava, assim como todos os garotos do orfanato. Tratava-se de um velho casarão que depois de abandonado serviu de pretexto para os nobres mandarem as crianças de rua e os filhos indesejados para que não causassem mais confusão a cidade já muito perturbada e violenta, ninguém tinha muitos amigos e sempre se achava uma forma de enganar aos outros para conseguir o que se queria, os nobres se recolhiam em suas casa não por medo das ruas pois os soldados estavam sempre a disposição dos mais poderosos, e o povo sentia uma união de ódio e respeito pelos mesmos. O que o fazia sentir mais nojo desta cidade já muito indesejada por ele que odiava quase todos os moradores que não se preocupavam com as aparências perto de um moleque abandonado e sujo, estava sempre escondido e de ouvidos bem abertos para qualquer conversa dos moradores e por isso sabia exatamente qual a índole de cada pessoa do local, o que facilitava muito sua vida quando cometia seus pequenos roubos, escolhia sempre o mais pilantra dos homens da vila, captando suas conversar para saber exatamente quando pretendiam dar um calote, enganar os viajantes ou quando faziam algum furto,